Este país [a Polónia] – potência de primeira ordem com os seus 25 milhões de habitantes – no extremo oriente da Europa (…) é hoje um ponto obrigatório de concentração para a Diplomacia do mundo inteiro. Pelas suas extraordinárias riquezas agrícolas, minerais e industriais, mesmo a Polónia representa, sem dúvida, o mais vasto campo para soluções económicas interessantes, de todos quanto se apresentam a uma observação ansiosa depois da nova organização do mapa europeu.

Deve (…) registar-se o extraordinário patriotismo com que os cidadãos polacos têm sofrido [o] flagelador azorrague tributário, prova do seu poderoso instinto nacional que os obriga aos mais duros sacrifícios pela Pátria. (…) A atitude dos polacos, dando ao seu país tudo o que possuem, constitui, sem dúvida, um forte exemplo de devoção patriótica que os deve enaltecer e prestigiar aos olhos do mundo.

Vasco de Quevedo (1884-1943)
Ministro (enviado) de Portugal na Polónia entre 1923 e 1930

*

Após uma estada de dois anos e meio em Portugal, acabei por gostar deste país, pequeno e belo, dos seus habitantes e da sua língua. Ainda hoje acredito que os Portugueses são pessoas muito boas e os mais gentis entre as nações europeias. Esta característica está bem patente na relação com os estrangeiros, que educadamente são abordados como “senhor estrangeiro”[1].

Tadeusz Nowak Cieplak (1918-2006)
nos anos de 1943-1945, chefe do Centro de Contacto com o País, sediado em Lisboa, afeto ao Ministério dos Assuntos Internos polaco

*

A Polónia inconformista que sempre lutou contra o opressor e que nunca perdeu a esperança de reconquistar a sua independência e liberdade. [A sua luta foi] determinante para o fim da ditadura comunista e para o restabelecimento da democracia na Polónia, [o que foi] decisivo para o movimento que iria conduzir ao fim da guerra fria e do mundo bipolar.

Mário Soares (1924-2017)
Presidente da República Portuguesa de 1986 a 1996

*

Esta é uma nação extraordinária, tão diferente das outras que conheço no resto da Europa — dos russos e finlandeses, dos ucranianos e rutenos brancos, dos arménios e judeus, dos suíços e franceses, dos austríacos, alemães e belgas. Se, por exemplo, perguntar a um lisboeta ou a um residente de Coimbra ou do Porto como chegar a tal e tal rua, a pessoa a quem perguntar não só lhe responderá com a maior gentileza, como também o levará ao local, e com um feliz sentimento de satisfação pelo serviço prestado ao estrangeiro despedir-se-á com a maior gentileza… deste homem que viu pela primeira vez.

Uma estranha e maravilhosa nação! (….) maravilhosamente “diferente” (…). Nobres amigos de Portugal.

Despeço-me deste bom povo português, ao qual já conseguira apegar-me com sincero afeto. (…) Os meus anfitriões, um querido casal autóctone (…) simbolizavam a hospitalidade, a nobreza, a bondade de coração e outras altas qualidades morais deste povo entre o qual passei um ano inteiro.

Stefan Włoszczewski (1895-1984)
Doutor em Sociologia, ativista social, jornalista e colunista, residiu em Portugal como refugiado entre 1940 e 1941, lecionou na Universidade de Coimbra.

 


[1] Utiliza-se aqui parcialmente a tradução de Teresa Fernandes Swiatkiewicz, publicada em Jan Stanisław Ciechanowski (2015), Portugalio, dziękujemy! Polscy uchodźcy cywilni i wojskowi na zachodnim krańcu Europy w latach 1940–1945. Portugal, obrigado! Os refugiados polacos, civis e militares, nos confins da Europa Ocidental nos anos de 1940-1945. Thank You, Portugal! Polish civilian and military refugees at the western extremity of Europe in the years 1940-1945. Warszawa: Urząd do Spraw Kombatantów i Osób Represjonowanych, Oficyna Wydawnicza RYTM: 30 (N. do T.)