Palavras de abertura do Embaixador de Portugal na Polónia, Dr. Luís Cabaço
A 13 de maio de 1922, o ministro da Polónia Franciszek Ksawery Orłowski apresentou credenciais ao presidente António José de Almeida em Lisboa. Essa data marcou o restabelecimento de relações diplomáticas entre Portugal e a Polónia. O meu país reconheceu em junho de 2019 a independência readquirida pela Polónia, mas só a 4 de julho de 1923 é que o primeiro enviado de Portugal em Varsóvia, Vasco Francisco Caetano de Quevedo, apresentou as suas credenciais ao presidente Stanisław Wojciechowski.
Hoje partilhamos valores, interesses e uma visão do Futuro. Estamos juntos na UE e na OTAN onde concordamos com os mesmos objetivos. Os últimos cem anos testemunharam uma relação profunda, rica e significativa entre os nossos dois países. Estas relações, porém, até ao momento, não tinham sido estudadas a fundo e faltava uma investigação que nos desse uma visão completa das relações entre os nossos dois países. Como Embaixador de Portugal em Varsóvia não vi melhor maneira de comemorar este centenário do que com a encomenda de uma primeira grande investigação que nos relatasse estes cem anos de história que nos unem.
Confiei esta investigação pioneira ao professor doutor Jan Stanisław Ciechanowski, da Faculdade de «Artes Liberales» da Universidade de Varsóvia, um dos grandes académicos polacos em história portuguesa e espanhola, que já nos tinha trazido o excelente trabalho Portugalio, dziękujemy! Polscy uchodzcy cywilni i wojskowi na zachodnim krancu Europy w latach 1940-45. Portugal, obrigado! Os refugiados polacos, civis e militares, nos confins da Europa Ocidental nos anos de 1940-45. Thank You, Portugal! Polish civilian and military refugees at the western extremity of Europe in the years 1940-1945. Quero, pois, antes de mais, agradecer ao professor Ciechanowski o extraordinário trabalho que levou a cabo. Foram mais de dois anos de investigação, dificultada pela pandemia da covid-19, em que foram consultados diversos arquivos em vários pontos do mundo — na Polónia, o Arquivo da Documentação Contemporânea e o Arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Varsóvia; em Portugal, o Arquivo Histórico Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Arquivo Histórico da Presidência da República e o Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo de Lisboa; na Inglaterra, o Arquivo do Instituto Polaco e o Museu General Sikorski de Londres; nos Estados Unidos da América, o Instituto Hoover de Stanford, entre muitas outras fontes.
Esta investigação pioneira trouxe-nos, pois, dois resultados principais. Em primeiro lugar, esta exposição, que nos apresenta um roteiro mais breve sobre estes cem anos da nossa história comum. E, em segundo lugar, uma monografia que será publicada no ano de 2023, que nos dá em maior pormenor o devir das relações diplomáticas, políticas, económicas e culturais entre Portugal e a Polónia ao longo destes cem anos. Uma publicação imprescindível para a consolidação dos laços de forte amizade que ligam os nossos dois países. Porém, a meu ver, o contributo principal desta investigação, mais do que resolver esta carência que existia, e que fica agora solucionada com a exposição e a monografia, é o abrir de novos rumos de pesquisa no campo da História e das histórias que partilhamos e que nos unem, mesmo que estejamos em pontos opostos nesta Europa, que é a nossa casa comum.
Luís Cabaço
Embaixador de Portugal em Varsóvia
Organizadores da exposição:
Embaixada de Portugal na Polónia
Camões I.P. em Varsóvia
Coorganizador da exposição:
Faculdade de «Artes Liberales» da Universidade de Varsóvia
Conceção da exposição:
Prof. Doutor Jan Stanisław Ciechanowski (Faculdade de «Artes Liberales» da Universidade de Varsóvia)
Desenho gráfico:
Julian Konopelski (Camões I.P. em Varsóvia)
Produção:
LAMI Marek Sarnecki
A exposição utiliza materiais dos seguintes arquivos e coleções: † Juliusz Karski (ZJK), o Arquivo Nacional Digital em Varsóvia (NAC), a Agência de Notícias Polaca em Varsóvia (PAP), o Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Lisboa (ANTT), o Arquivo Histórico da Presidência da República em Lisboa (AHPR), Cristina M. Tozer Morbitzer (ZCTM), o Museu Marítimo Nacional em Greenwich (Londres) (NMM) e a Biblioteca Nacional de Portugal em Lisboa (BNP), o Museu do Castelo Real em Varsóvia (ZKW), o Museu Nacional em Varsóvia (MNW), o Museu do Exército Polaco em Varsóvia (MWP), o Museu Albertina em Viena (ALB), o Arquivo Histórico Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Lisboa (AHD), os Arquivos Nacionais em Schiphol (Países Baixos) (NA), † Teresa Kowalewska Ferreira (ZTFK), † Michał Maćkowiak (MM), Maria Szumlakowska Hebdzyńska de Yepes (ZMSHY), Elżbieta Wittlin-Lipton (ZEWL), António Pedro de Moncada de Sousa Mendes (ZAMSM), Conde Piotr Potocki (ZPP), Jan Stanisław Ciechanowski (ZJSC), assim como as seguintes fontes: Franciszek Bogdan S.A.C., Ksiądz Wojciech Turowski, Paris 1963 (FBK), Tadeusz Nowak Cieplak, W cieniu historii. Wspomnienia, Olsztyn 2003 (TNC), Stefan Włoszczewski, Na przełomie dwóch epok, Varsóvia 1974 (SWN).
LEGENDAS DAS FOTOGRAFIAS
Foto no painel 1: enviado de Portugal em Varsóvia, Thomaz Ribeiro de Mello (à esquerda), e o recém-nomeado ministro da Polónia em Lisboa e o primeiro a residir na cidade, Marian Szumlakowski, ambos na plataforma da Estação Principal de Varsóvia na partida deste último para Portugal. 6 de julho de 1933. © NAC