«Maré» – Festival de cinema dos países de língua portuguesa – 3.ª edição

VARSÓVIA | 22 a 26 de maio | Kino Muranów, Gen. Andersa 5, Varsóvia

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A literatura será a protagonista da terceira edição do Festival de Cinema em Língua Portuguesa MARÉ. Serão apresentadas algumas das mais marcantes adaptações cinematográficas de obras literárias dos últimos anos, bem como um documentário sobre o poder da literatura – poderá vê-los de 22 a 26 de maio no Cinema Muranów de Varsóvia!

Este ano, exibiremos cinco filmes! O festival abre com o filme Sambizanga, de 1972, na versão restaurada de 2021. É uma adaptação do conto “A vida real de Domingos Xavier”, do escritor angolano, José Luandino Vieira. Para além de ser o primeiro filme angolano no nosso festival, é também a primeira longa-metragem africana em língua portuguesa e uma das primeiras longas africanas criadas por mulher. Apesar de não ter nascido em África, a realizadora Sarah Maldoror conhecia bem a realidade angolana – o seu marido foi um dos fundadores do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), sobre cuja actividade o filme de Maldoror se debruça. O papel principal aqui, no entanto, não é desempenhado pelos combatentes, mas sim por Maria (interpretada pela caboverdiana, Elisa Andrade), que vagueia à procura do marido.

Este não é o único filme deste ano em que as mulheres desempenham papéis tão proeminentes. O Livro dos Prazeres, baseado no romance ainda inédito na Polónia Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres,de Clarice Lispector, é a estreia em longa-metragem da brasileira Marcela Lordy. É a história de amor de Lóri (Simone Spoladore), que vive uma crise existencial, e do professor de filosofia, Ulisses (Javier Drolas). A obra, sem usar muitas palavras, capta perfeitamente o carácter onírico e instrospetivo da prosa de Lispector. No segundo filme brasileiro, O Beijo no Asfalto, dirigido por Murílo Benício e realizado a partir da peça teatral homónima de Nelson Rodrigues, um simples beijo dado a um desconhecido provoca uma série de acontecimentos absurdos. Embora o papel principal seja interpretado por um homem, o filme conta com várias excelentes atrizes brasileiras em papéis coadjuvantes, a começar pela premiada Débora Falabella e pela estrela do cinema brasileiro, Fernanda Montenegro.

O que podem as palavras?
(2022)

VARSÓVIA | 23/05, 20h00

Salgueiro Maia – O Implicado ​
(2022)

VARSÓVIA | 25/05, 20h00

A maior dimensão feminista do Festival, no entanto, está sem dúvida no documentário O que podem as palavras? Duas realizadoras, Luísa Sequeira e Luísa Marinho, documentaram a história das “três Marias”, as autoras portugueses, Maria Velho da Costa, Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno, que no Estado Novo publicaram o livro Novas Cartas Portuguesas (1972). As escritoras foram julgadas por atentado à moral, o que desencadeou uma onda de protestos em todo o mundo. A projeção deste filme é uma forma de comemorar os 50 anos da Revolução dos Cravos, que se celebram este ano. Cumpre este mesmo objetivo a exibição de uma biografia do capitão Salgueiro Maia, uma das figuras-chave da revolução. O realizador Sérgio Graciano, adaptando a obra de António de Sousa Duarte, Salgueiro Maia – Um homem da liberdade, faz um excelente trabalho ao mostrar o papel que Salgueiro Maia desempenhou na Revolução do 25 de Abril de 1974 e permite-nos compreender melhor o que o levou à liderança. O filme presta homenagem a um homem, a um estudante, a um pai, a um amigo e a um militar de exceção, mas também mostra o outro lado da moeda – a falta de apreço a que foi votado pelo seu próprio país.

O festival é organizado pelas missões diplomáticas em Varsóvia de Angola do Brasil e de Portugal, juntamente com o Camões I.P., de Portugal, e o Instituto Guimarães Rosa, do Brasil. É patrocinado pelo Consulado Honorário do Brasil em Wrocław.

Venha assistir e descobrir a literatura de língua portuguesa através do cinema!

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