23.ª Edição do Festival Internacional de Cinema Nowe Horyzonty

Presencial: 20-30 de julho de 2023 (Cinema Nowe Horyzonty e Dolnośląskie Centrum Filmowe)
Online: 20 de julho – 6 de agosto de 2023
Bilhetes para sessões particulares já à venda

Portugal será o país em foco na 23.ª edição do Festival Internacional de Cinema Nowe Horyzonty, que irá decorrer de 20 a 30 de julho, em Wrocław. Serão exibidos cerca de vinte  títulos de realizadores portugueses ao longo de todo o festival.  «Calibrem os ouvidos, abram os olhos, vamos juntos desmascarar a saudade!», encoraja a curadora da secção, Agnieszka Szeffel. O programa da secção contém, entre outros:

Ruch rzeczy (O Movimento das Coisas), dir. Manuela Serra, 1985

A tendência clara que se delineia no programa da secção deve-se ao fato de os portugueses estarem a olhar para o passado. O restaurado O Movimento das Coisas, filme de 1985, fez uma grande digressão por todos os festivais nacionais em 2021 e entrou nas salas de cinema. Ficou conhecido como o Santo Gral milagrosamente encontrado do cinema feminino, batendo de frente com a obra do guru António Reis. A narrativa contemplativa da vida e do trabalho das mulheres da comunidade rural de Lanheses, no norte de Portugal, foi apelidada de grande peculiaridade do cinema português por João Bénard da Costa, diretor da Cinemateca Portuguesa. Tanto o filme em si como a realizadora deste, o único na sua filmografia, desencadearam uma discussão sobre o teto de vidro no ambiente cinematográfico dominado pelos homens nas décadas pós-revolucionárias.

Gdzie jest ta ulica? albo Bez przed i po (Onde Fica Esta Rua? ou Sem Antes Nem Depois), dir. João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata, 2022

Do passado nasce o mais recente filme de João Pedro Rodrigues, cujos filmes já apareceram nas edições passadas do festival (Ornitólogo, 17º NH, Fogo-Fátuo, 22º NH) em dupla com João Ruim Guerra da Mata. Propriedade da família de um deles, o apartamento lisboeta, com janelas que outrora davam para o cenário de Os Verdes Anos (1963), de Paulo Rocha, foi apenas o pretexto para uma experiência contemporânea que se aproxima da mitologia cinematográfica de forma extravagante. Desenvolve uma reflexão sobre formas alternativas de narrativa, construindo um “enredo” em torno do vazio deixado pelo passado. O resultado é – como os realizadores querem que seja – um retrato impressionista e pessoal de Lisboa, uma improvisação jazzística em torno de uma partitura que é, para eles, o clássico filme Rocha, um documentário nostálgico sobre uma cidade em vias de desaparecimento.

Podróż ku słońcu (Viagem ao Sol), dir. Susana de Sousa Dias, Ansgar Schaefer, 2021

Os cineastas reunidos pela produtora Kintop, a realizadora Susana de Sousa Dias e o historiador Ansgar Schaefer, têm uma abordagem semelhante do passado. A sua Viagem ao Sol é a história de um fato desconhecido da História, quando, logo após a Segunda Guerra Mundial, um grupo de crianças austríacas foi enviado para convalescer com famílias portuguesas de classe alta. O filme foi inteiramente realizado com imagens de arquivo, fotografias e filmes editados de tal forma que não estamos perante um documentário clássico, mas sim perante uma narrativa dramática e emotiva acompanhada por uma voice-over portuguesa em conjunto com o lado visual experimental do filme.

Seleção de curtas e médias-metragens de Paulo Abreu

Antecipando a estreia do realizador na direção de longas-metragens, Ubu (2023), apresentamos uma seleção de curtas e médias-metragens da sua prodigiosa e eclética filmografia. Paulo Abreu (nascido em 1964), adorado pela sua abordagem quase obsessiva à montagem, é realizador e diretor de fotografia, criador de videoclips (por exemplo, para o célebre Dead Combo), autor de animações e bandas desenhadas, e artista plástico que expõe o seu trabalho tanto no cinema como em galerias de arte. É, como alguns dizem, um dos três, ao lado de Tiago Afonso e André Gil Mata, representantes mais intransigentes da comunidade cinematográfica portuguesa. Graças a esse estilo descomprometido, de baixo orçamento, ironia e humor negro, alternadamente selvagem e lírico, Abreu ganhou o título de cineasta pós-punk. Através do seu produtor de longa data, João da Ponte, está ligado aos Açores, que exprime nos seus filmes, mas também, como ainda feliz residente do bairro do Príncipe Real, em Lisboa, disseca impiedosamente o turismo na “cidade branca”.

Leia mais sobre a seção Portugal em Foco no texto da curadoria

 

A secção «Portugal em Foco» do Festival Nowe Horizonty mereceu o apoio do Camões, I.P. em Varsóvia e da Embaixada de Portugal em Varsóvia.