Poemas na Cidade 2023 | 20 de abril – 21 de maio 2023
Encontro no dia 21 de abril às 18h00, Państwowy Instytut Wydawniczy (Rua Foksal 17)

Abril está de volta sob a bandeira da poesia, e com ela mais uma edição de Poemas na Cidade, organizada pela EUNIC Varsóvia. O tema deste ano é “intervalo”. O evento irá apresentar 18 poemas de diferentes países e regiões da Europa.

Portugal será representado por Filipa Leal com um poema intitulado  “Quanto Tempo para o Intervalo”. A tradução do poema, como na edição anterior, foi feita por Wojciech Charchalis, autor de numerosas traduções de literatura de língua portuguesa.

Ao longo de todo o mês, os poemas serão exibidos nos espaços públicos de Varsóvia, na página do festival e numa exposição ao lado da sede do Instituto Romeno de Cultura em Varsóvia, rua Chopina 10. Os poemas também poderão ser ouvidos num especial podcast no Spotify.

QUANTO TEMPO PARA O INTERVALO
(Tule sobre pedra, 2016)

Aos bailarinos da Companhia Nacional de Bailado

 

Quanto tempo para o intervalo, perguntas.
Nenhum. Tempo nenhum.

O corpo é um corvo suspenso, uma aflição,
um corvo aos solavancos, abatido às vezes,
um pontapé, um reflexo de tule e rosmaninho.

O corpo deve ser de noite, sempre de noite,
enrolando os pés, enrolando tabaco na cama.

Que susto. Que medo do corpo que eles dobram
assim, cheio de nódoas que eu não sei limpar.
Que estranha a forma como saem de dentro
de água infinitamente secos e lúcidos.

Eu não sabia que dançar era por dentro.
Eu não sabia que dançar era até ao fim.

A vida, meu amor, é sem intervalo.

 

«Quanto Tempo para o Intervalo», in Fósforos e Metal sobre Imitação de Ser Humano, Filipa Leal. Assírio & Alvim / Grupo Porto Editora, 2019.

ILE JESZCZE CZASU DO PRZERWY
(Tiul na kamieniu, 2016)

Tancerzom Narodowego Teatru Tańca

 

Ile jeszcze czasu do przerwy, pytasz.
Nic. Ani chwili.

Ciało jest krukiem w zawieszeniu, naprężeniem,
krukiem w podskokach, czasem przygnębionym,
kopniakiem, migotem tiulu i rozmarynu.

Ciało powinno być nocne, tylko nocne,
zaplatać nogi, skręcać papierosa w łóżku.

Ach, jaki strach przed ciałem, które oni gną
tak bardzo, pełnym skaz, których nie potrafię zetrzeć.
Jak dziwaczne to ich wychodzenie
z wody, nieskończenie suchych i jasnych.

Ja nie wiedziałam, że tańczy się w środku.
Ja nie wiedziałam, że tańczy się do końca.

Życie, kochany, jest bez przerwy.

 

Tradução de Wojciech Charchalis

Filipa Leal

Nasceu no Porto, Portugal, em 1979. É poeta, jornalista e argumentista. Tem treze livros publicados e está representada em várias antologias em Portugal e no estrangeiro. É licenciada em Jornalismo pela Universidade de Westminter, em Londres, e Mestre em Estudos Portugueses e Brasileiros pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

 

📸 Alfredo Cunha

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Organização: Institutos europeus de cultura e secções culturais de embaixadas reunidas no EUNIC Varsóvia:
Fórum Cultural Austríaco em Varsóvia, Embaixada da Estónia na Polónia, Embaixada da Bélgica – Delegação da Flandres, Instituto Liszt – Centro Cultural Húngaro de Varsóvia, Embaixada da Irlanda na Polónia, Instituto Cultural Lituano, Embaixada do Luxemburgo na Polónia, Embaixada de Malta na Polónia, Instituto Camões, Instituto Romeno de Cultura, Instituto Eslovaco de Cultura, Departamento de Estudos Interdisciplinares dos Países de Língua Portuguesa da Universidade de Varsóvia

Coorganização: Cidade de Varsóvia

Parceria: Delegação da Comissão Europeia na Polónia

Patrocínio de honra: Associação de Tradutores de Literatura