Neste mês de abril, chegou, às livrarias polacas, a poesia completa de Alberto Caeiro, um dos heterónimos de Fernando Pessoa. A tradução ficou a cargo de Gabriel Borowski, professor da Universidade Jaguielónica em Cracóvia, e a edição é da Lokator, com introdução da Prof.ª Doutora Ewa Łukaszyk.
Aos seus poetas imaginados que formam uma galáxia de mais de cem nomes, Pessoa doava sempre uma personalidade específica e uma biografia fictícia mais ou menos complexa. No caso de alguns heterónimos foi apenas uma assinatura, um traço criado por uma mão esperta num papelzinho qualquer escondido na caixa famosa na qual o poeta colocava notas, fragmentos de poemas, sentenças, diagramas e signos misteriosos, horóscopos bem calculados. Mas no caso dos mais importante deles – porque Alberto Caeiro, ao lado de Álvaro de Campos e Ricardo Reis, faz parte da grande tríade – recebemos muito mais. Mesmo se a biografia do personagem criado por Pessoa parecer muito simples, típica, de algum modo representativa para o fado português, ao mesmo tempo parece realizar o paradigma muitas vezes encontrado tanto entre os poetas do século XIX, tais como Cesário Verde, como entre os artistas da primeira geração moderna que costumava escrever rápido, pouco e morrer na plena juventude. Alberto Caeiro teria nascido em Lisboa no dia 16 de abril de 1889. Ficou órfão e não conseguiu nem formar-se, nem aprender nenhuma profissão. A maioria da sua existência curta viveu na quinta da sua tia-avó em Ribatejo. Lá teria criado os ciclos de poesia que lhe são atribuídos: Guardador de Rebanhos e O Pastor Amoroso. No fim da vida teria voltado ainda para Lisboa para escrever Os Poemas Inconjuntos, antes de morrer de tuberculose, tendo apenas 26 anos. Foi 1915 – o momento crítico para a vanguarda portuguesa [da Introdução, de Ewa Łukaszyk].
Fernando Pessoa
É hoje o nome da literatura portuguesa mais reconhecido no mundo. Nasceu a 13 de Junho de 1888, no Largo de São Carlos, em Lisboa. Começou a escrever em criança e fê-lo sobretudo em português, mas também em inglês e francês. Viveu 47 anos e passou grande parte deste tempo a escrever. Considerava que ser poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação. Morreu a 30 de Novembro de 1935, em Lisboa, cidade referida em muitos dos seus poemas e cenário do famoso Livro do Desassossego.
Enquanto poeta, escreveu sob diversas personalidades – heterónimos, como Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro –, sendo estes últimos objeto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e obra.