No passado dia 27 de março, com a chancela da editora Mandioca, chegou ao mercado polaco a primeira banda desenhada do brasileiro Thiago Souto – Labirinto, traduzida por Marek Cichy. É a primeira banda desenhada a cores no catálogo desta editora.
Os labirintos mais traiçoeiros guardam outros perigos além de seus percursos tortuosos. O quadrinista Thiago Souto sabe disso. Ele incluiu algumas armadilhas ao longo das páginas do álbum. O perigo mais imediato e hipnotizante é a arte da BD. Os traços e ar cores do autor de Labirinto primam pela vivacidade. Os tons e as linhas do universo concebido por Souto beiram uma organicidade quase tátil. A trama é ardilosa. Os encontros e desencontros de Góreck e Nico tratam de temas primordiais como a amizade, o amadurecimento, a consciência e a memória. É uma jornada de apelo universal. Outra artimanha engenhosa, digna dos encantos mais fortes. Mais do que tudo, a saga de inspiração e esperança concebida por Souto é uma ameaça ao mundo do conformismo e pessimismo crescente em que vivemos. Vou dar-lhe um conselho: deixe-se render a este Labirinto.
Thiago Souto
Nasceu em São Paulo e trabalha como ilustrador e designer gráfico. Iniciou a sua carreira como autor de BD em 2013 com a revista Supernova. Em 2014, lançou Mikrokosmos, uma história elogiada pela crítica e indicada ao prémio HQMix. Labirinto é, até agora, o seu trabalho mais ambicioso, tendo sido distinguido com o prémio Prêmio Angelo Agostini em 2018.