«O que eu quero é casar com o homem dos meus sonhos».

E quem é que não quer? Bem, provavelmente alguns homens preferirão a mulher dos seus sonhos. E se agora é assim, no século XV, lá para as bandas de Portugal, a história já era a mesma. Os homens e as mulheres, o que queriam era casar com os seus sonhos. Só que também eles já sabiam o quão manhosos estes podiam ser. Às vezes tratam-nos da mesma maneira churrascante que as lâmpadas às pobres mariposas (Ah! mas às vezes não!).

Como resolver, então, esta quadratura da borboleta que nos vem já desde tempos quase imemoráveis? A sabedoria popular no século XV resolvia este problema, dizendo que «mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube» e ‘tava-se a andar de mota.

Ora bem, foi a partir deste mote que Gil Vicente decidiu escrever a Farsa de Inês Pereira, um susseçasso apresentado perante o Rei e a corte portuguesa no ano de 1523. Ela fala-nos da sonhadora Inês e da sua cética mãe, dos seus pretendentes, de casamenteiros, de homens sabidos, de homens parvos, de pêras e de meias sujas. E de tantas outras coisas que ainda hoje nos podem ajudar a responder à pergunta se é com os nossos sonhos que nos devemos casar.

Se querem saber a resposta, e acreditem que querem, não percam mais este espetáculo teatral único do grupo Pisca-Pisca a cores, falado e cantado em português medieval (Que é para ninguém ficar com dúvidas).