José Eduardo Agualusa
“Żony mojego ojca”
(As mulheres de meu pai)
Trad.: Michał Lipszyc
ed. Znak, Kraków, 2012
A editora Znak publicou, há pouco tempo, o romance “As mulheres de meu pai” (“Żony mojego ojca”) do escritor angolano José Eduardo Agualusa. É a primeira vez que um romance deste escritor é editado na Polónia. O livro foi traduzido pelo já consagrado tradutor da literatura lusófona para polaco, Micha Lipszyc. O tradutor fala aquí sobre o autor e a sua obra.
Faustino Manso, famoso compositor angolano, deixou ao morrer sete viúvas e dezoito filhos. A mais nova destes, Laurentina, realizadora de cinema e documentarista, tenta reconstruir a atribulada vida do falecido músico. Em “As mulheres do meu pai” realidade e ficção correm lado a lado, a primeira alimentando a segunda. Nos territórios que José Eduardo Agualusa atravessa, porém, a realidade é quase sempre mais inverosímil do que a ficção. Os quatro personagens do romance que o autor escreve, enquanto viaja, vão com ele de Luanda, capital de Angola, até Benguela e Namibe. Cruzam as vastas areias da Namíbia e as suas povoações fantasmas, alcançando finalmente a festiva Cidade do Cabo, na África do Sul. Continuam depois, rumo a Maputo, e de Maputo a Quelimane, junto ao Rio dos Bons Sinais, e dali até à pequena ilha mágica, onde morreu o poeta Tomás Gonzaga, e cujo nome deu nome a Moçambique. Percorrem, nesta deriva, paisagens que fazem fronteira com o sonho, e das quais emergem, aqui e ali, os mais estranhos personagens. “As mulheres do meu pai” é um romance sobre mulheres, música e magia. Anuncia-se, nestas páginas, o renascimento de África, continente afectado por problemas terríveis, mas abençoado pelo talento da música, o sempre renovado vigor das mulheres e o secreto poder de deuses muito antigos.